A Sociedade do Anel: Uma história de perseverança (e um tanto de sorte!)

Você já teve aquela grata experiência de encontrar algo que achava que jamais encontraria?

Sabem, aquela música persistente que gruda na sua cabeça mas que você é incapaz de encontrar, mesmo buscando nos redutos mais cavernosos da Internet?

Hoje tudo é mais simples e com um simples SHAZAN! Você encontra aquela canção que grudou na sua cabeça. Mas há 20 anos não era bem assim.

Foi quando começou o meu “purgatório”…

Voltemos no tempo…

Estamos em 2001 e eu, como boa nerd que sou, estou muito animada com as notícias sobre a tão aguardada adaptação para o cinema da trilogia O Senhor dos Anéis.

Quem não estaria? A informação naquela época era escassa. A Internet era movida a manivela (só quem pegou a época da Internet discada sabe o sacrifício que era) e a gente ainda lutava contra o sono para poder acessar após a meia-noite devido a conta da telefone.

Fora isso os sites de notícias também engatinhavam e as revistas lutavam para se adaptar a Internet.

Mas, de alguma forma, a gente conseguia se manter informado.

Eis que surge a notícia que a Nem Line tinha liberado o primeiro trailer de Lord Of The Rings – The Fellowship of the Ring!

Entusiasmo!

Começa o corre-corre para baixar o vídeo o mais rápido possível. Naquela época isso significava que o download demorava horas para baixar um vídeo em resolução baixíssima! Mas, guerreiros de Gondor que éramos, resistíamos às provações do Senhor do Escuro.

Em uma época em que não existia You Tube o vídeo foi disponibilizado no formato QuickTime da Apple. Era o melhor formato então. O que significa que eram “pesados” para baixar. Mas valia a pena.

As horas passam…

E então…

Você descobre que seu computador não é capaz de rodar o vídeo adequadamente. Tudo trava na sua frente! Desespero! Pânico!

O que fazer?

Felizmente eu lido com computadores desde o começo da década de 80 e sabia que a solução era converter o vídeo para um formato mais amigável, mais leve, que meu computador fosse capaz de lidar.

O velho .avi entra em ação. E mais horas passam até que tudo isso seja feito.

Enfim… Tudo pronto para o grande momento.

E foi isso que surgiu na nossa tela.

Esse, meus amigos, é o arquivo original. Sobreviveu bem ao teste do tempo em comparação aos outros formatos da época que hoje são quase inacessiveis.

A versão HD você encontra aqui.

Meu coração explodiu em emoção! Petrificada fiquei. Sem palavras fiquei. Estava diante da perfeição!

Não há como explicar… Mas havia algo de “mágico” no ar naquela época. E esse foi um dos momentos mais mágicos dos mais mágicos. Tudo se encaixava com perfeição.

Acostumados estávamos aos filmes de fantasia de baixo orçamento da década de 80. Aos seriados de fantasia da década de 90, mas tudo mudou naquele dia. Com esse trailer.

A trilogia de Peter Jackson vinha para mudar a estética dos filmes de aventura para sempre.

A gente não estava vendo uma adaptação de O Senhor dos Anéis… A gente ESTAVA na Terra-média! E nem tínhamos visto ainda o Condado!

A narração do poema do Anel, a poesia do Tolkien, as ilustrações de Alan Lee e Howe… Tudo estava lá!

Assim como uma trilha sonora completamente estranha a mim que se encaixava como uma luva em tudo que estávamos vendo.

Eu não sei quantas vezes assisti esse trailer. E quantas vezes me perguntei… De onde saiu essa trilha sonora?

Por mais que eu tentasse, a resposta não vinha.

Não fui a única a sentir o seu efeito. Pouco tempo depois alguém surgiu com uma versão dela sem a narração do poema. Infelizmente em uma qualidade terrível. Era tudo que tínhamos.

Começaram as perguntas… Seria ela parte da trilha original? Não era costume que um teaser apresentasse já a trilha do filme. Mas não era impossível.

Mas, a essa altura, já sabíamos que o talentoso Howard Shore fora contratado para dar vida a Terra-média. A música no trailer não parecia ser de sua autoria.

O mistério permaneceria. Quem seria o misterioso compositor de um tema tão expressivo?

Vinte anos se passaram sem respostas, até que… o Youtube trouxe a resposta.

A peça se chama Gothic Power e foi composta por Chris Field, um compositor e produtor musical de Los Angeles pelo selo X-Ray Dog. Chris é um especialista em compor músicas para trailers de filmes. Mas Gothic Power foi além de uma música incidente. Ela se tornou “Cult” dando um novo rumo para a música cinematográfica que passou a ser mais identificada como música “épica”.

Fim do mistério! Enfim, a recompensa por uma longa jornada de busca. Você pode encontrá-la no CD do X-Ray Dog chamado Sit Up and Listen.

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